Polícia Civil esclarece feminicídio e prende homem por matar a companheira em Água Boa

Polícia Civil esclarece feminicídio e prende homem por matar a companheira em Água Boa

A Polícia Civil prendeu, nessa sexta-feira (13.6), em Ribeirão Cascalheira, um homem, de 38 anos, suspeito de assassinar a companheira, Maria Aparecida Gonçalves da Silva, 39 anos, no dia 5 de junho, em Água Boa.

No dia do crime, o próprio suspeito procurou a Delegacia de Água Boa afirmando que havia chegado em casa e encontrado sua companheira caída no chão, cheia de sangue e sem vida. Uma equipe da Polícia Civil foi até a casa e acionou a Politec, que deu início à perícia do local.

O suspeito afirmava que havia saído de casa às 7h30 para trabalhar e, por volta das 10 horas, teria tentado ligar diversas vezes para a esposa, mas ela não atendia, então retornou para casa, quando a encontrou sem vida.

O homem afirmou que a companheira teria sido ameaçada de morte recentemente, devido a uma suposta dívida de R$ 40 mil com membros de uma facção criminosa, e estaria passando por problemas pessoais.

Ele alegou, ainda, que estava convivendo com a vítima há cerca de dois meses e que, na madrugada anterior, Maria Aparecida havia apresentado comportamentos estranhos e saído diversas vezes de casa, sem informar onde iria.

Investigações

Durante a perícia, foi constatado que ela havia sido assassinada com uma arma cortante, ou perfurante, que não foi localizada. Diante das inconstâncias das falas do companheiro de Maria Aparecida, o celular dele também foi apreendido.

Segundo o delegado Danilo Rodrigues Barbosa, responsável pela investigação do fato, a casa não tinha sinais de arrombamento e o celular e a motocicleta da vítima estavam no local, o que causou estranheza na equipe investigadora.

“A própria dinâmica do crime dá a entender que a pessoa que cometeu esse crime era conhecida da vítima. Porque não tinha arrombamento do portão, a casa não estava com nenhuma desordem, o sangue da vítima somente no quarto. Então, quem praticou esse crime, praticou dentro da casa, dentro do quarto, mediante golpes na cabeça e das costas da vítima, com instrumento contundente, possivelmente uma chave de roda, alguma ferramenta, porque ele trabalha como mecânico de veículos, e nas primeiras horas da manhã, logo antes da vítima sair para o trabalho, ela já estava com roupa de trabalho”, disse o delegado.

Outro ponto que chamou a atenção foi que o companheiro primeiro foi à delegacia, em vez de pedir socorro médico, ou chamar vizinhos para tentar salvar a vítima. O que o fez se tornar um dos suspeitos.

“A hipótese que nos temos é que ele cometeu esse crime nas primeiras horas da manhã, porque a vítima chegava bem cedo no trabalho, 7h15. Ele comete esse crime, sai para o trabalho na tentativa de criar um álibi, pra ludibriar a polícia, para dificultar as nossas investigações. Vai até a casa e depois vem aqui noticiar o fato”, detalhou Danilo Rodrigues Barbosa.

A versão do convivente de que poderia ter sido membros de uma facção criminosa foi refutada, pois ninguém ouviu nenhum barulho ou viu alguém entrar na casa. Além de que, apesar de Maria Aparecida realmente ser usuária de drogas, ela tinha um emprego formal e mantinha o vício com seu próprio dinheiro, não tendo dívidas com o tráfico, como tentou alegar o companheiro.

Ao investigar o suspeito, os policiais descobriram que ele já tinha várias passagens por violência doméstica. Além disso, ele mentiu sobre o que havia feito no dia anterior e na madrugada do dia em que o crime ocorreu.

Com o celular da vítima, foi constatado que os dois estavam em processo de separação e o suspeito não aceitava o fim do relacionamento. Inclusive, a vítima já não o permitia entrar na residência e só queria que ele retornasse para buscar suas roupas.

“A gente confirmou que o relacionamento deles era bastante conturbado, eles ficavam em idas e vindas. Além disso, nós apuramos também que a vítima era portadora de HIV e ela não o tinha informado sobre esse fato. Ele tinha descoberto há poucos dias”, afirmou o delegado Danilo.

O investigado também levantou suspeitas ao tentar reconhecer uma união estável com a vítima no mesmo dia em que ela foi assassinada.

“No dia que ela morreu, ele vai até o advogado da família, na intenção de reconhecer uma união estável com ela, porque ele sabia que ela tinha uma ação judicial, com valores a receber da prefeitura. E, além disso, ele também pediu dinheiro para o advogado nesse momento”, contou o delegado.

Depois do crime, o suspeito foi para Ribeirão Cascalheira, onde sua família mora, e chegou a ser agredido por uma facção criminosa por tentar associar a morte da companheira à facção. No entanto, ele conseguiu espacar ao alegar que a dívida da vítima era com a facção rival. Dívida que, segundo o delegado, também não foi comprovada.

Diante disso, o delegado Danilo Rodrigues Barbosa representou pela prisão do suspeito, que foi deferida pela Justiça. O mandado de prisão preventiva foi cumprido nessa sexta-feira (13.6). O suspeito foi localizado na casa de sua irmã, no Bairro Cinco de Maio, em Ribeirão Cascalheira. Também foi apreendido mais um celular dele.

Segundo o delegado, ele segue negando o crime e mantendo a versão de que Maria Aparecida estava com uma dívida, falando algumas vezes que era com uma facção criminosa e às vezes que não sabe com quem era a dívida.

“Não foi confirmada nenhuma dívida. A gente analisou os celulares dela. Ela não tinha dívida de drogas com facção nenhuma. Ela realmente era usuária de drogas, mas mantinha o vício com o trabalho dela. Todos os elementos apontam que não tinha nenhuma outra pessoa na casa e que foi ele o autor desse fato, apesar de ele continuar negando”, finalizou o delegado.

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